terça-feira, 31 de maio de 2011









Depois de discutir sobre a ética, os torneios e circuitos, hoje encontraremos os oponentes fracos e fortes na mesa. E quem mostrará seu ponto de vista a respeito do assunto será Carlos Mavca...

Carlos Alberto Marques Freire Caputo, conhecido no universo do Poker como Carlos Mavca tem 35 anos e iniciou-se no jogo em 2006. Fez Economia na UFRJ, mas acabou formando-se em Jornalismo pela Uerj. Carlos Mavca ainda trabalhou cerca de 5 anos com o comércio alimentício, antes de apaixonar-se pelo Texas Hold`em. Tornou-se um estudioso do jogo e seu nome passou a ser referência no Rio de Janeiro. Juntou-se à equipe do Ases do Poker, tradicional clube Carioca e sua experiência diária com o jogo “live” cresceu ainda mais.Vencedor tanto ao vivo quanto na internet, Mavca compreendeu como atingir essa meta no esporte e, desde sempre, mostrou sua aptidão a ensinar os iniciantes e inexperientes. Atualmente é profissional do ROX TEAM e tem um blog de sucesso dentro do mebeliska.com.

Bicampeão niteroiense em 2008 e 2009. Em 2009, tornou-se o campeão do Rio de Janeiro. A partir daí, começou a participar do circuito nacional e em 2010 realizou um dos sonhos de qualquer jogador: entrar ITM no Main Event da WSOP. Detém diversos títulos no on line, mas viveu grande parte de sua vida jogando sit and gos.

A princípio queremos saber, Carlos Mavca, você utiliza alguma técnica para descobrir a força do oponente na mesa? Qual?

CARLOS MAVCA - Dependendo da estrutura do torneio, posso ficar até duas horas apenas analisando os oponentes antes de efetuar alguma jogada. Apesar de não participar das mãos, tento perceber tudo o que posso a respeito dos jogadores e passo a entender como eles pensam, como jogam suas mãos, seus draws, o que os faz dar fold ou pagar. Depois que “entro em suas cabeças”, posso explorar suas fraquezas e construir um bom stack. Consigo analisar bem os tells físicos e de apostas e ter uma boa leitura das cartas dos adversários. No live, as leituras sobre os oponentes são ainda mais precisas e com paciência e percepção, pode-se saber exatamente como cada um vai agir.


Há entendimentos que cada jogador tem seu estilo, portanto, o estilo de jogo de um anula o estilo de jogo de outro, que por sua vez acaba sendo inferior ao estilo de um terceiro, e isso vira um círculo, que acaba tornando seu estilo de jogo ganhador e perdedor dependendo de contra quem você está jogando. Essa afirmação é correta, e qual sua opinião sobre a respeito do assunto?

CARLOS MAVCA - Essa afirmação pode ser considerada correta dentro da CNTP (condições normais de temperatura e pressão) Rsrsrsrs, mas no mundo real não é assim que funciona. As pessoas não dizem para si mesmas: “Eu sou tight agressive, então vou dar re-raise com AKs”, ou “Eu sou loose passivo, então vou apenas pagar para ver se acerto”. No “mundo real”, há ínfimas variações de cada estilo de jogo, que também poderão se modificar dependendo de diversos fatores (fase torneio, agressividade dos oponentes, nível de blinds do cash, Tilt, premiação...).

De acordo com a TEORIA DO CAOS, um ramo matemático que envolve o estudo de sistemas sensíveis às pequenas mudanças em relação às condições iniciais, um único detalhe perceptível aos “seus olhos” pode afetar a maneira de como você realizaria determinada ação. O ideal é ter a capacidade de se adaptar de acordo com seus adversários. Contra cada adversário, pode-se jogar de maneira totalmente diferente, de modo que o seu estilo seja o estilo vencedor.

Quando o “sortudo” está na mesa, qual a melhor tática para anular sua mãos mal jogadas, porém, ganhadoras?

CARLOS MAVCA - Existe um capítulo no livro “A essência do Texas Hold`em” que foi feito apenas para esse assunto. Ninguém é sortudo ou azarado e se você acha que seu adversário é uma coisa ou outra, você terá problemas jogando pôquer. Por diversas vezes, acabará por se colocar numa situação em que tomará decisões erradas por pensar em sorte ou azar. “Eu fui all in com uma trinca no flop, pois havia flush draw no flop e eu sempre tenho azar contra flushes” ou “Eu nunca perco quando dou all in para duas pontas”. Se você perder 10 flush draws seguidos, então a chance de fazer um flush na próxima vez é a mesma de fazer na primeira mão que você perdeu ou em qualquer outra mão com flush draw.

Um jogador ruim pode ganhar várias mãos de um jogador com qualidades muito superiores e um péssimo jogador pode vencer uma sessão ou um torneio contra jogadores muito mais habilidosos e experientes. A tática para vencer as mãos mal jogadas do “vilão” é que você tome decisões melhores do que as dele e conheça a matemática do jogo a longo prazo. Seja honesto e pergunte-se se você realmente tomou as decisões corretas de acordo com aquele determinado “vilão”. Se tiver dúvidas, pergunte a jogadores mais experientes ou que julgue serem realmente bons e tente aceitar as explicações e suas lógicas.

O Pôquer nada mais é do que tomar as decisões corretas atrás de decisões corretas, atrás de decisões corretas... Te garanto que, no longo prazo, com o bankroll ideal, os “sortudos” serão grandes perdedores do jogo.


Pra você, oponentes fortes e oponentes fracos, quem é mais fácil de fazer a leitura de jogo? Pois o forte tenta esconder ao máximo, e o fraco, no caso, sortudos e loucos, fazem jogadas sem pé nem cabeça.

CARLOS MAVCA - Sem dúvida alguma, dos oponentes fracos. Com a experiência adquirida, você saberá que é sempre mais fácil jogar contra esses “loucos sortudos”. Aprenda a estudar os ranges e as situações e perceberá de como será mais fácil de se jogar o ABC contra os oponentes mais fracos. Lembrem-se: serão destes “loucos e sortudos” que você ganhará fichas!

Pra você, qual o máximo de tempo que dura a sorte de um jogador fraco?

CARLOS MAVCA - Não existe tempo máximo ou mínimo para a sorte de alguém e se você pensar nisso, ficará neurótico. Mais uma vez, a única coisa que realmente importa é tomar as decisões corretas atrás de decisões corretas, atrás de decisões corretas...

Mudando um pouco de assunto, qual sua referencia no pôquer mundial?

CARLOS MAVCA - Se perguntar a diversas pessoas quem é o melhor jogador de pôquer, vai escutar muitas respostas diferentes, baseadas em perspectivas diferentes. Essa explicação também, retirada do livro pode ser traduzida da seguinte forma: Muitos até dirão que são eles mesmos, para confortar o seu próprio ego. Alguns dirão que os melhores são aqueles que são mais agressivos e que fazem grandes moves. Outros dirão que são aqueles que ganham mais dinheiro. Ou ainda os que são capazes de ter uma grande sobrevivência em torneios. Alguns irão opinar que são aqueles capazes de jogar o A game mesmo durante uma bad run de cartas, ou se controlarem emocionalmente durante um downswing. Você consideraria como um grande jogador de poker alguém que é simplesmente brilhante e genial no pôquer, mas autodestrutivo em outras áreas da vida sem conseguir alcançar um sucesso consistente e estar sempre quebrado? Algumas pessoas dirão que os melhores jogadores estão nos cash games, pois jogadores de torneios que ganham muito, tendem a perder ao enfrentarem os jogadores de cash. Grande parte dos jogadores dirá que os melhores jogadores são aqueles capazes de tomar as melhores decisões (+EV) a maior parte do tempo. Às vezes, veremos um jogador A que é melhor do que o jogador B, mas que é pior do que o jogador C, que por sua vez é pior do que o B. Às vezes, alguém pode ser melhor em short handed, ou em outras categorias do jogo. Ou então, jogam a parte final do torneio muito melhor do que o início.

Dessa forma, acho que há diversas referências no poker mundial, dependendo do que estejamos querendo analisar. Phil Ivey, Tom Dwan, Patrick Antonius, Daniel Negreanu, Caio Pimenta, Eric Seidel, Phill Shaw, Shaundeeb, Jon “Pearlejammer” Turnner...



E a pergunta feita a todos os entrevistados. Numa noite, no pôquer ao vivo qual a porcentagem de habilidade e sorte que o jogador tem? E no pôquer on-line?


CARLOS MAVCA - No curtíssimo prazo, eu diria que no poker live a sorte representaria 40% contra 60% de habilidade, mas a medida que esse prazo aumenta (diversas e diversas noites), eu diria que a sorte fica em 20% e a habilidade em 80%.

No curtíssimo prazo do on line, a quantidade de mãos jogadas e a oportunidade de se jogar diversas “telas”, possibilitam que o “longo” prazo venha mais rapidamente para o poker habilidoso. Acho que, no curto prazo do on line, a sorte fica em 30% e a habilidade em 70%.


Essa foi uma breve Matéria que fizemos com esse grande jogador Carlos Mavca, esperamos que todos tenham gostado e até uma próxima.

CARLOS MAVCA - Aqueles interessados em aprimorar ainda mais o jogo, podem adquirir o novo livro “A Essência do Texas Hold`em”pelo site www.elsevier.com.br.

Também estou à disposição para quaisquer dúvidas ou perguntas através do www.mavca.com

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